Turismo religioso em Ilhabela: Vale a pena prestar a homenagem!
Ilhabela também marca presença no setor do Turismo Religioso através da sua história que remonta a época da colonização brasileira, visto que a religião foi um dos traços mais marcantes da nossa cultura.
A colonização brasileira tinha como forma de organização política a base do Estado em conjunto com a Igreja, nesse período, que ainda tinha fortes poderes sobre a formação de um povo.
Como os colonizadores vinham de longe para viver no Brasil, eram comuns as expedições de desbravamento de novos territórios serem acompanhadas de padres jesuítas catequizadores.
Afinal, além de isolados, a cultura dos desbravadores era bem diferente da cultura encontrada no Brasil praticada pelos indígenas neste período.
A povoação de uma cidade, por exemplo, se dava em torno das ermidas (pequena igreja ou capela fora da civilização), formadas em um primeiro estágio do povoamento, depois em volta de uma capela curada, título oficial concedido pela Igreja Católica a uma vila com determinada importância econômica e populacional.
E foi exatamente assim que aconteceu o povoamento de Ilhabela, veja mais a seguir:
Os primórdios do turismo religioso em Ilhabela
Em meados da segunda metade do século XVIII, a região central da Ilha de São Sebastião, como se chamava na época, foi povoada e incorporada ao território da Vila de São Sebastião.
Foi por volta de 1785 que o povoado foi elevado à condição de capela, graças ao vigário de São Sebastião, o padre Manuel Gomes Pereira Marzagão.
Ele foi o responsável por mandar erguer ali uma capela em louvor a Nossa Senhora D’Ajuda e Bom Sucesso. Com isso, outros povoados foram se formando ao redor dela, a partir de outras pequenas capelas, como a capela de Conceição, na praia da Armação.
Igreja Matriz de Nossa Senhora D’Ajuda e Bom Sucesso
Por se tratar de uma ilha, muitas expedições marítimas organizadas pela coroa portuguesa passam pelo local e aproveitaram para expressar suas devoções à Nossa Senhora, pedindo que as abençoasse enquanto em mar aberto.
Com isso, as colônias recebiam e abrigavam muitos militares e marinheiros que aportavam por lá.
Por esta razão, são mais comuns no Brasil as invocações de origem portuguesa à Nossa Senhora da Boa Esperança, do Amparo, da Boa Viagem, D’Ajuda, dos Navegantes, entre outras.
No caso de Nossa Senhora D’Ajuda, a capela recebeu esse título em homenagem ao momento em que Cristo foi crucificado, oferecendo sua vida aos homens, enquanto Maria, sua mãe ajudava os pecadores. Por esse motivo, Nossa Senhora D’Ajuda tornou-se a padroeira do município.
Arquitetura e localização
Atualmente, a Igreja Matriz de Nossa Senhora D’Ajuda e Bom Sucesso está localizada no alto de uma colina, aos pés do morro do Baepi, no bairro do Centro, na Vila.
Do alto da sua escadaria, ela possui uma vista privilegiada do oceano à sua frente e da Mata Atlântica às suas costas.
O monumento foi construído entre 1697 e 1718, pelos escravos e prisioneiros que viviam no local, sendo inaugurada no ano de 1806.
Já passou por uma reforma em meados do século XX por Alfredo Oliani, que misturou a arte barroca ao seu estilo colonial original.
Como material foram utilizados pedra, conchas e o óleo de baleia, sendo que o seu interior abriga um forro com um belo painel pintado a óleo dedicado a Nossa Senhora D’Ajuda e Bom Sucesso.
O seu interior é amplo (40 m de comprimento por 10 m de largura), todo revestido de mármore trazido da Espanha, Minas Gerais e Santa Catarina.
É ainda ornamentada com uma réplica exata da antiga Igreja da Sé, em São Paulo, e decorada com imagens de São Sebastião, São Benedito e São Paulo nas laterais dos trinta e cinco degraus que conduzem à igreja.
À sua frente, bem na entrada, aos pés da escadaria, há uma escultura lindíssima em aço fundido do Cristo Crucificado, em tamanho real. Ao seu lado tem uma construção igualmente antiga: a “Cadeia e Fórum”, que também vale a visita.
Todos os anos, no dia 2 de fevereiro, a cidade promove uma festa em homenagem à padroeira, que se estende pelo mês inteiro, oferecendo comemorações e quermesses com comidas típicas, entre outras atrações.
Para quem é devota de Nossa Senhora, vale a pena prestar uma homenagem e visita à Igreja, se estiver por Ilhabela. Como ela fica no centro, bem em frente à praça principal, não há como perder.
Outras capelas para Turismo religioso em Ilhabela
Algumas praias em Ilhabela também possuem capelas em homenagem aos seus respectivos santos padroeiros.
Na praia Grande, por exemplo, temos a Capela de São Benedito, construída há 82 anos, em homenagem ao santo que concedeu a graça a uma promessa de um pescador que passou um apuro no mar e se salvou.
Por conta do fato ocorrido, todo dia 27 de dezembro, dia em que foi terminada, há uma comemoração que se inicia com uma procissão saindo da praia Grande. Depois da procissão há uma missa e depois acontece a festa.
Há cerca de dois anos, a igreja passou por uma reforma interna, mudando o piso, restaurando a pintura e inserindo o sacrário.
Existe uma crença popular pelo mundo afora, de que os casamentos realizados em uma ilha trarão prosperidade ao casal. Isso tem levado muitos muitos turistas a procurarem a capela de São Benedito, entre outras, a fim de selar a união com a boa sorte.
Em muitos outros pontos do arquipélago, há muitas outras capelas, que só confirmam o antigo isolamento da população em relação às outras praias. É o caso da Capela de Imaculada Conceição, na Praia da Armação, de frente para o mar; a Capela de São João Batista e a Capela de Santa Cruz.
Com a construção de todas essas capelas, Ilhabela se tornou o lar de vários padroeiros e padroeiras, tornando o Turismo Religioso também muito atraente, por conta da mescla de santos, devotos e diversificadas comemorações ao longo do ano.